segunda-feira, 20 de maio de 2019

Necro: "Gente junta nas ruas ouvindo música é um dos pilares para a destruição do fascismo, do patriarcado e do capital.

Uma das bandas mais criativas do pais, ambientados talvez por um tropicalismo aliados a um rock progressivo, a Necro destrinchou inúmeros espaços musicais , e pudemos falar com eles sobre isso. 

Me lembro que a primeira vez que vi e ouvi falar da Necro ,foi numa performance na Galeria Olido no centro de Sp ,o que vcs se lembram desse momento?
Foi em 2013, em nossa primeira ida a São Paulo. Tocamos, além da Galeria Olido, numa virada cultural “pirata” no Anhangabaú, no finado Formigueiro, em Barueri e em São Caetano. Lembramos com muito carinho desse rolê, onde muitas pessoas puderam nos ouvir pela primeira vez e onde conhecemos pessoas muito queridas. 

Quando vcs deixaram de Necronomicon a utilizar Necro?
Por volta de 2014, quando estávamos para lançar nosso segundo disco. 

Como foi trabalhar no primeiro registro?
Gravar o “The Queen of Death” foi um grande aprendizado. Fizemos em casa, ao longo do ano de 2011, sem nenhum equipamento profissional e sem conhecimento algum sobre produção. O disco foi gravado diretamente na placa mãe de um pc velho, e usando o software Audacity (o MS Paint dos editores de áudio). Apesar de totalmente lo-fi, o disco foi bem recebido e elogiado nos nichos de rock pesado. Muitas portas foram abertas por causa dele, principalmente após ter sido prensado em LP por um selo gringo. 

Em 2015 vcs lançaram o homônimo álbum (discaço) , como foi a produção e receptividade do mesmo?
O disco foi gravado em 2014, quando já tínhamos um material melhor para gravação (uma interface de áudio e um kit de microfones de segunda mão), além de um pouco mais de experiência em gravações caseiras. Foi um salto em qualidade sonora (embora ainda bastante lo-fi para os padrões da indústria musical). Neste disco colocamos pela primeira vez letras em português e arranjos vocais mais complexos. Foi um álbum muito bem recebido, conseguimos alcançar um público inesperado e heterogêneo. Em 2014 saiu em LP pelo selo gringo Hydro-Phonic Records (o mesmo do primeiro álbum) e em 2015 saiu em CD pela Baratos Afins. 

Como surgiram os vídeos de Dark Redemption e 17 horas?
Queríamos produzir vídeos sem custo, então juntamos um equipamento que tínhamos com o de amigos e fizemos as filmagens em nossas casas. Fazer filmagens é um processo muito trabalhoso, mas conseguimos bolar um bom material em relativamente pouco tempo de filmagens. 

A parte gráfica dos materiais da banda são impecáveis , quando vcs começaram a trabalhar com o Cristiano Suarez? E como surgiu o trabalho do Fernando JFL pra alguns singles?
Trabalhamos com Cristiano desde o primeiro disco, “The Queen of Death”, em 2011/2012. Lillian o conhecia desde a adolescência (ambos são nascidos na mesma cidade, Palmeira dos Índios) e o indicou para fazer a capa do álbum. Cristiano curtiu tanto o som que nem sequer quis cobrar pela arte. Foi sua primeira capa de disco, a propósito. Seu trabalho é incrível e ele só evolui a cada novo trampo. Grande parte da exposição que a banda teve foi graças às suas artes fantásticas. O Fernando a gente conheceu nos rolês punk nordeste, quando ele tocava na Cätärro. Sempre acompanhamos seus trampos sensacionais para bandas de punk/metal. Um belo dia ele chegou nos entregando uma arte, dizendo que era um presente! Usamos como capa do single “Deuses Suicidas” e depois como postêr que acompanhou a pré-venda do LP “Adiante”. 

Há 3 anos vcs lançaram o magnífico “Adiante” que trouxe inúmeras críticas positivas e uma visibilidade mundial , nos falem sobre isso e da edição em vinil 
“Adiante” foi nossa primeira gravação “profissional” de fato. Fomos para o Rio de Janeiro gravar com Gabriel Zander no estúdio SuperFuzz (que já não existe mais). Estávamos muito afiados, tendo ensaiado as músicas durante vários meses, o que nos deixou seguros para gravá-las em apenas 3 dias. Foi o trabalho que fizemos que teve mais exposição e visibilidade, graças a uma conjunção de fatores maravilhosos: uma produção impecável do Gabriel Zander, o lançamento através do selo Abraxas (o primeiro do selo), a arte incomparável do Cristiano Suarez e as músicas em si, nosso trampo mais maduro em termos de composição, arranjos e letras. Posteriormente, “Adiante” ganhou duas prensagens em LP, uma nacional, parceria da banda com os selos Abraxas e Baratos Afins, e uma alemã, pelo selo Electric Magic (dos caras do Samsara Blues Experiment). 

O que foi referência pra confecção das canções do álbum?
Não pensamos em nenhuma referência específica. Talvez de forma geral as coisas que andávamos ouvindo na época, mas são coisas tão diversas que não sabemos até que ponto foram usadas conscientemente como referência – blues, cantoras brasileiras, jazz, música erudita do séc. XX… 

Quando surgiu o trabalho com a Abraxas?e como surgiu o split com o Witching Altar?
Por volta de 2014 a Abraxas entrou em contato conosco, explicando sua proposta de movimentar o rolê psych/stoner/etc e nos convidando para participar do cast. Topamos na hora, e assim conseguimos organizar algumas tours incríveis pelo sudeste, sul e centro-oeste. Eventualmente, Abraxas se tornou selo, e continuamos nossa parceria lançando através deles. Pela mesma época recebemos uma proposta do selo Hydro-Phonic para lançar um split com a Witching Altar. Já tínhamos contato com os caras da banda antes, então ficou tudo em casa. Neste split entramos com duas músicas ao vivo (gravadas em São Paulo em 2014) e a então inédita “Contact”. Está pra rolar uma edição nacional desse split, em breve contaremos mais sobre isso. 

Como foi a passagem por sp , recentemente?
Foi incrível! Tocamos no Sesc Belenzinho para um grande público e aproveitamos para filmar um novo clipe na cidade. Além de São Paulo, tocamos no Rio de Janeiro, em Ouro Preto e em Belo Horizonte, sempre com muita gente e muito acolhimento! 

Todos vcs possuem projetos paralelos?como conciliam?
Não costuma ser problema conciliarmos nossos trabalhos paralelos. Em sua maior parte são projetos solo, o que faz com que não tenham uma agenda de apresentações extensa. Mesmo a Necro toca bem menos hoje em dia do que há uns anos atrás.
por Pei Fon
O que planejam pra breve?
Estamos lançando agora um novo EP, “Pra Tomar Chá”, que em breve também ganhará um vídeo. Queremos fazer shows divulgando esse trampo novo. Paralelamente, estamos trabalhando nas composições de um novo álbum, cuja produção se iniciará ainda esse ano. 

Considerações finais
Sempre que possível, vão ver as bandas da sua cidade ao vivo. Gente junta nas ruas ouvindo música é um dos pilares para a destruição do fascismo, do patriarcado e do capital.

por RARO ZINE

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quarta-feira, 15 de maio de 2019

Foda-se o fascismo.

Jello Biafra: “Estou em choque. Estou deprimido. E antes de mais nada, como foi que eles deixaram tudo isso acontecer? Essa é mais uma das razões (e existem muitas) do porque eu não querer mais tocar com esses caras, independente de quantos milhões de dólares sejam oferecidos. A banda acabou em 1986.

Eu adorei a arte do poster e achei a ideia SENSACIONAL. Me sinto honrado sempre que posso usar algo tão maravilhoso (feito com seriedade!) para algum dos meus projetos. Se algum dia eu conseguir uma cópia desse poster, eu quero enquadrá-lo e pendurar na minha sala ou no escritório da Alternative Tentacles.

Mas qual é o grande problema? De todas as grandes artes políticas e anti-fascistas usadas para promover o Dead Kennedys ao longo dos anos, esta é a primeira vez que eu tomo conhecimento desses caras serem contra um poster político. Por que este? E por que agora?

Valentões fascistas realmente ameaçaram a banda e disseram que haveria violência caso os shows acontecessem? Eles ameaçaram o promotor e as casas de show? Ou alguém ficou preocupado com o fato dos apoiadores do Bolsonaro não comprarem camisetas suficiente da banda nos shows?

Em um post de Facebook recém apagado, foi dito que eles não devolveriam o dinheiro dos ingressos aos fãs. Ao invés disso, comunicaram que iriam doar os valores recebidos como adiantamento para a “caridade” ($42.000 DÓLARES AMERICANOS!) O promotor acaba de me dizer que ele recebeu o dinheiro de volta e agora os fãs que compraram os ingressos serão reembolsados! IHAAAA!

Se as ameaças de violência contra fãs inocentes foram realmente verídicas, bem, isso muda as coisas. Eu tenho certeza que meus antigos companheiros de banda se lembram do terrível episódio de violência que ocorreu quando o verdadeiro Dead Kennedys tocou em Leicester, Inglaterra, em 1982. Os verdadeiros fascistas da Inglaterra [algo como uma Ku Klux Klan do país na época] se juntaram a alguns roadies do The Exploited e atacaram o show. Eu tive de me esquivar deles, no melhor estilo Muhammad Ali, por quase toda nossa apresentação enquanto eles subiam no palco e tentavam me acertar. O Dave do MDC acabou indo para o hospital com a cabeça rachada.

Nós também nunca conseguimos esquecer dos ataques pré-planejados pela polícia em diversos outros shows, onde policiais completamente descontrolados giravam seus cassetetes acertando a todos [incluindo o Peligro] DENTRO das casas de shows. E eu não estou falando somente da Polícia de Los Angeles.

Mas, “…A banda sente que não tem conhecimento suficiente para falar sobre assuntos políticos de outros países.”?? Vocês estão tirando com a minha cara?!?!? Essa banda já esteve no Brasil 2 ou 3 vezes! O que eles tem a dizer então sobre “Holiday in Cambodia”? E sobre “Bleed For Me”, cuja letra eu escrevi para as vítimas das guerras sujas da América Latina? Eles tem ciência sobre as capas dos discos da banda? Alguma vez na vida eles leram minhas letras nos encartes dos discos?

Como é possível que eles não tenham noção do que acontece no resto do mundo? Todos nós estamos conectados atualmente. O East Bay Ray não é uma pessoa burra. Eu imagino, pela forma como o texto foi escrito, que ele mesmo escreveu a declaração anti-poster do Brasil. E eu não sei se ele mostrou o texto para os outros caras da banda antes de postar.

Ray é uma pessoa muito bem educada, sempre se interessou por leitura e é o único membro original do Dead Kennedys que possui formação acadêmica. Me lembro dele como uma pessoa culta, sempre lendo artigos interessantes e aprofundados da revista The New Yorker. A recente edição do dia 1 de Abril trouxe um artigo bastante assustador expondo Bolsonaro e seu movimento. Mas mesmo antes disso, eu tenho 99% de certeza que o Ray sabia muito bem quem é o Bolsonaro – e o que ele representa.

Por que eu sei disso? Porque a maioria dos americanos sabem, até mesmo aqueles que têm metade do cérebro funcionando. Eu não posso falar pelos apoiadores idiotas do Trump.

Sim nós estamos preocupados com o Brasil. Porque nós nos importamos com o Brasil. E porque nós nos preocupamos com o mundo.

Nós tememos pela situação dos brasileiros. Tememos pela Amazônia. Tememos pelas tribos indígenas que poderão ser massacradas. Nós não queremos que mais nenhum inocente morra como aconteceu com a Marielle Franco. Sim, a notícia de seu assassinato chegou até os noticiários americanos.

E, meus caros amigos, nós admiramos e respeitamos muito cada um que tenha a coragem de se posicionar contra o Bolsonaro e seus apoiadores fascistas metidos a valentões.

Minha banda, The Guantanamo School of Medicine, não poderá ir ao Brasil por algum tempo. Estamos gravando no momento e existem assuntos internos que precisam de nossa atenção agora.

Mas saibam que vocês estão em nossos corações.

Vocês não foram esquecidos.

Vocês não estão sozinhos.

FODA-SE O FASCISMO

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quarta-feira, 10 de outubro de 2018

“se você quer ter uma imagem do futuro, imagine uma bota pisando em um rosto humano – para sempre”.

Uma revelação reencontrar Napoleão, Bola de Neve, Sansão, Garganta e toda a fauna de “A Revolução dos Bichos”, depois de quase quarenta anos. Como o tempo passa rápido. Como mudamos. Como não mudamos.

E como as fábulas têm esse poder imperioso, sobrenatural de permanecer eternas. É o que faz das fábulas, fábulas: as mais permanentes histórias sobre a natureza humana. Que, aprendemos lendo os antigos e os contemporâneos, não muda.

É tradição nas mais diferentes culturas botar as mais humanas verdades nas bocas de animais. Era uma maneira de dizer a verdade com total liberdade, pra gente lida e inculta, pra todas as idades.
Mas “A Revolução dos Bichos” é uma fábula diferente. Porque é um conto de fadas – o subtítulo original é exatamente esse, “A Fairy Story”. Também é quase um documentário. E, incrível, tão vital hoje quanto em 1945, quando foi publicado.

Continua inspiradora e provocativa a história dos bichos que se revoltam contra o dono da Granja do Solar. Estabelecem no sítio uma nova sociedade, com novas regras, onde todos são iguais. E ao final descobrem que alguns animais são mais iguais que os outros.

O livro voltou às listas de mais vendidos nos últimos anos. As escolas estão dando “A Revolução dos Bichos” para os jovens lerem. Eu mesmo comprei, e ao ver meu filho com o livro debaixo do braço, o tio dele cuspiu fogo, “isso é propaganda da direita”. Imagine se ele soubesse que é a tradução de Heitor Aquino Ferreira, secretário de Golbery, Geisel e Figueiredo.

“A Revolução dos Bichos” foi escrito no auge da Segunda Guerra, quando União Soviética, Reino Unido e EUA eram aliados contra o eixo. Londres estava sendo bombardeada. O manuscrito foi salvo das ruínas da casa de Orwell. Foi dificílimo arrumar editor, inicialmente porque Stálin era aliado, e depois porque o livro era muito à direita, ou muito à esquerda, ou muito irônico, ou “pra criança”. Era o livro certo na hora errada. 

CONTRA OS MESSIAS

É verdade que o livro tem sido usado para bater na União Soviética desde seu lançamento. Justo, porque para isso foi concebido por George Orwell.

Orwell considerava o stalinismo quase tão destrutivo quanto o nazismo, e parentes próximos. Sua crítica à URSS era pela esquerda, não pela direita. “Para reviver o movimento socialista”, explicou, “eu me convenci de que é essencial a destruição do mito soviético”.

Uma visita cuidadosa à fazenda defende para sempre o leitor de empulhações salvacionistas. Venham de onde vierem no espectro ideológico. Foi a primeira vez que Orwell, em suas palavras, tentou “fundir propósito artístico e propósito político em um todo.”

É o que tenta fazer Roger Waters. Na minha geração, muitos chegaram a Orwell pelo Pink Floyd. Animals, o álbum, é inteiramente inspirado pela Revolução dos Bichos. The Wall, um libelo anti-totalitário, foi o disco que me iniciou nas possibilidades contestatórias do rock, lá em 1979. Roger, autor das letras de ambos, só ficou mais explícito com a idade.

Em turnê pelo mundo, divide a humanidade em “Us” and “Them”. Rock de verdade é assim. Rock é resistência. O mundo adolescente é claramente demarcado, nós contra eles, e assim deve ser. Tem uso na vida adulta também, como vimos no show em São Paulo.

Waters bateu sem dó em Trump e poderosos variados. Colocou no telão mensagens listando neofascistas dos cinco continentes – aqui, Jair Bolsonaro. Chutou o balde usando máscara de porco, e mostrando primeiro um cartaz escrito “Pigs Rule The World”, e em seguida outro com “Fuck The Pigs”.

Sua militância gerou grita a favor e contra no estádio lotado em São Paulo. Mais a favor que contra, especialmente quando colocou um #Elenão no telão. A maioria das pessoas que pagam pra ver Roger Waters conhecem sua obra e leram suas letras. Mas é surreal perceber que fãs do movimento Escola Sem Partido estão cantando “Another Brick In The Wall” ao seu lado. 

CUIDADO COM AS UTOPIAS

Se passaram quatro décadas entre meu primeiro encontro com The Wall e o show de Roger Waters, entre minhas duas leituras de A Revolução dos Bichos. O tempo força a gente a abandonar ilusões queridas e enterrar certezas reconfortantes.

Nos meus 15 anos, “A Revolução dos Bichos” era um alerta claro, mas generalista, contra maquinações messiânicas. Era impossível para mim transferir esse alerta para, por exemplo, a Nicarágua, que lutava contra um ditador cruento, Somoza.

Hoje não é surpresa – mas segue sendo doloroso – assistir o líder da resistência a Somoza, Daniel Ortega, se revelando só outro ditadorzinho caribenho. Exatamente como cantou a bola Orwell. Os rebeldes são mais admiráveis quando não vencem, o que, aliás, é uma das razões porque o rock é tão sedutor.

Este ano, revisitando a Granja do Solar, eu sabia até demais do que se tratava. Por exemplo, que os protagonistas e acontecimentos eram diretamente decalcados da revolução soviética e da ascenção de Stálin. O velho Major, que inspira a revolta dos bichos, é Karl Marx. Os porcos são os revolucionários; Napoleão é Stálin, Bola-de-Neve é Trotsky. Os cavalos são a classe trabalhadora russa, estóica, explorada além do limite. Moisés, o corvo, representa a Igreja Ortodoxa Russa, sempre contando histórias furadas sobre o reino encantado da Montanha de Açúcar.

Nesses anos aprendi o que Stálin aprontou na URSS, matando milhões, inclusive os mais próximos. E que Orwell e as forças antifascistas, inclusive de esquerda, passaram o diabo na mão dos stalinistas, durante a Guerra Civil Espanhola. Está lá em suas memórias da resistência a Franco, “Homenagem a Catalunha”, que inspirou um bonito filme de Ken Loach, “Terra e Liberdade”.

Para uma leitura ainda mais proveitosa de “A Revolução dos Bichos”, leia antes “Why Orwell Matters”, de Christopher Hitchens, aqui “A Vitória de Orwell”.

O capítulo sobre o livro ilumina o livro por várias frestas. Uma é chave para a compreensão: “os objetivos e princípios da revolução russa são tratados com isenção no livro; esta é uma revolução traída, não uma revolução monstruosa desde sua concepção.” Exato: é isso que dá peso à fábula, e a tira instantaneamente dos domínios da propaganda.

Hitchens também aponta a presciência de Trotsky. Do exílio, o líder da resistência a Stálin profetizou que os burocratas do PC um dia iriam vender as propriedades socializadas que expropriaram, e virariam eles mesmos homens de negócios.

E nota a sensibilidade de Orwell, que faz desta cena o final de “A Revolução dos Bichos”, quando Napoleão convida o fazendeiro humano, senhor Jones, para confraternizar, e muda o nome da fazenda de volta para o original, “Granja do Solar”, ou no original “Manor Farm”.

Hitchens: “não só Orwell produziu uma brilhante sátira da auto-anulação do Comunismo, como até antecipou seu eventual final em um estado capitalista mafioso, oligarca. Contra-revoluções também devoram suas crianças.”

O BRASIL NO MUNDO

É justamente a Rússia a melhor ilustração de onde mora o perigo no Século 21, em que vão rareando as tiranias explícitas. As ditaduras, como os animais, são por sua natureza todas iguais. Os novos regimes autoritários, pelo contrário, são animais muito diferentes entre si.

A Rússia de hoje é governada por um autocrata eleito, e sempre reeleito, ou governando por trás de um fantoche. Vive-se sob Putin melhor do que jamais se viveu na história da Rússia. Materialmente e institucionalmente.

Há liberdades, com limites claramente demarcados. De imprensa, sob vigilância. De expressão, se não ofenderes os religiosos. De organização, contanto que seu partido não ameace ganhar as eleições.

É o melhor exemplo de sucesso desse novo tipo de regime autoritário, e modelo não muito disfarçado para muitos outros países. No mundo islâmico temos variações mais seculares, Egito e Turquia, ou escorregando para o fundamentalismo, como os Emirados Árabes. Israel é caso extremo: uma democracia para os judeus, uma ditadura para os palestinos.

Na Europa também pipocam líderes do estilo homem forte, como Órban, na Hungria. Conhecemos bem o modelo: nacionalista, tradicionalista, pai-dos-pobres, que prometem segurança contra a mudança, a bagunça e diferença. Mas países diferentes, em lugares diferentes do mundo, tem soluções autoritárias diferentes, no poder ou tentando chegar lá.

Na Ásia temos supostos exemplos de modernidade, como Singapura, na real um parlamentarismo de partido único. Outro lugar com um partido só é grande caso de sucesso econômico das últimas décadas, China, uma ditadura capitalista-coletivista, se você pode imaginar uma coisa dessas. Para ficar no nosso hemisfério, temos Trump no trono do mundo; Maduro, na pobre Venezuela; e no Brasil, Bolsonaro.

“A Revolução dos Bichos”, aliás, até hoje não foi publicado na China. Nem no Irã, Coréia do Norte, nem em boa parte do mundo Árabe e Africano. Aqui podemos ler, e vamos defender esse direito, porque há de aparecer quem queira tirar.

COMO CLAUDICAM AS DEMOCRACIAS

A tendência é forte suficiente para já gerar uma massa de estudos acadêmicos, e um best-seller, “Como as Democracias Morrem”, de dois professores de Harvard, Steven Levitsky e Daniel Ziblatt. O argumento é que elas morrem pelo voto, quando as próprias populações elegem políticos que desprezam as regras e as instituições.

As três medidas básicas da democracia são, segundo os autores: se há eleições livres e justas; se essas eleições geram governos com poderes regidos pela lei; e se as liberdades civis, de imprensa, expressão, associação e protesto, são protegidas. Nos três quesitos, o Brasil de hoje fica a desejar. Começando pelas eleições, que são livres, passíveis de cancelamento. Dilma Rousseff sofreu impeachment sem crime de responsabilidade, derrubada por uma conspiração. E o candidato à frente no momento só aceita o resultado se vencer, caso contrário é “fraude”.

As democracias também claudicam por causa do fracasso de líderes populares, como Lula e outros, de consolidar uma mudança social permanente, sólida, mobilizada. É muito difícil atender simultaneamente a todas as expectativas do deus eleitor e do deus mercado.

O caso mais trágico é o do Siryza, partido grego eleito com bandeira anti-austeridade, que acabou traindo seus eleitores e aplicando um arrocho cruel. Pior: o eleitor aceita, porque não vê alternativa menos pior. Mas nessa brecha vai crescendo o radicalismo; no caso, o Amanhecer Dourado, partido neonazista grego. Aqui, os movimentos de ultra-direita que desaguaram nesta triste eleição.

Mas nossa democracia não está morta, nem estará em 2019, aconteça o que acontecer. “Morrer” é muito definitivo. A História não é estática.

O GRANDE IRMÃO E O MUNDO NOVO

Seguimos daqui, meu filho e eu, para “1984”, a outra obra-prima de Orwell. Primeira vez dele, minha primeira vez em décadas, e desta vez em inglês. Li garoto como ficção científica, quase ao mesmo tempo que “Admirável Mundo Novo”.

Como observa Anthony Burgess no prólogo de “1985”, sua paródia da obra de Orwell, os detalhes da vida cotidiana de “1984” são calcados na Inglaterra de 1948, quando o livro foi escrito. Cinza, empobrecida, em ruínas, sob racionamento estrito de comida, casacos, gilete de barbear. São minúcias assim que fazem o livro tão forte.

Igualmente realista é a rotina da Granja dos Bichos. Orwell adorava a vida rural, e passou bons anos vivendo no mato e cuidando de criação. Escreva sobre o que você conhece, ensinou Dashiell Hammett, e instrução particularmente importante se você está criando mundos imaginários, com porquinhos falantes ou o Grande Irmão vigiando.

Em suas preciosas memórias, “O Afeto Que Se Encerra”, Paulo Francis critica “1984” por ignorar a dinâmica da História. Em uma cena chave, cruenta, o torturador diz ao torturado: “se você quer ter uma visão do futuro, imagine uma bota pisando em um rosto humano – para sempre”.

Isso é uma fantasia, diz Francis, porque a História não é estática. Mesmo os regimes mais totalitários geram contradições internas. Criam elites, capatazes, sicofantas, excluídos, e disputas entre eles.

Vale para as sociedades, e para a interpretação delas. Poucos anos atrás se dava de barato que Huxley batera Orwell em presciência. Teríamos alcançado o Fim da História, um consenso capitalista globalizado, e “Admirável Mundo Novo” teria acertado na mosca em profetizar o mundo desenvolvido do século 21. Sem grandes problemas materiais, anestesiado por consumo, entretenimento, tecnologia e drogas.

Como vimos, durou pouco a ilusão. O mundo de 2020, pra ficar em uma data clássica da ficção-científica, é igual partes Huxley e Orwell. Tanto o Orwell de “A Revolução dos Bichos”, quanto a de “1984”.

Hoje concordamos em ser vigiados 24 horas por dia, para lucro dos gigantes colaboracionistas do Silicon Valley. Gravam nosso comportamento online e offline e compartilham nossos dados mais íntimos com o primeiro que pagar bem, e com o aparato de vigilância dos Estados.

Carregamos conosco o Grande Irmão e Napoleão em todo lugar que vamos, da cama ao banheiro ao trabalho ao protesto, nas câmeras dos nossos celulares, computadores e tevês. Tudo pela comodidade. E pela vaidade, pela ansiedade de postar nossa vida, ou a versão dela maquiada para as redes sociais. O comediante Keith Lowell Jensen tem o comentário definitivo: “o que Orwell falhou em prever é que nós mesmos compraríamos as câmeras, e nossa maior preocupação é que ninguém estivesse nos olhando.”

AS POSSIBILIDADES DE RESISTIR

Como “A Revolução dos Bichos”, “1984” é leitura sempre obrigatória, geração após geração. E com certeza nestes dias. A frágil, limitada, imperfeita, corrupta Democracia está sob ataque, no mundo e aqui também.

É compreensível que muita gente queira simplesmente acabar com a Política, que tanto pisa na bola. Mas a natureza abomina o vácuo, e na ausência da Política, com seus infinitos debates, esse porre que não anda, não desembaça, o poder é ocupado por outra coisa bem pior. O mundo da Política é caótico, mas melhorável. A harmonia perfeita é fantasia de ditaduras e monopólio dos cemitérios.

Educação não vai nos tirar dessa. Vemos pela tendência do eleitorado de elite em 2018. O sistema educacional prioriza a criação de uma classe média com boa formação acadêmica técnica e disposta a abrir mão de seus direitos e liberdades em troca de uma simplista, imaginária “segurança”, financeira e social.

Essa gente é o próprio esqueleto de sustentação e gerenciamento do sistema, gente ordeira que tem fé infinita nas soluções tecnocráticas, e se define pela obediência às opções de consumo de que dispõe. São nossos colegas e familiares. São, tristemente, o inimigo.

Faltou Humanas no currículo. O que, claro, é a razão porque as escolas, e a infância, são o novo campo de batalha da guerra cultural. E sobrou “Deus”, essa figura egocêntrica, invejosa, totalitária. “Deus Acima de Todos”, imperial, reza o lema do candidato. Como zomba Bill Maher, gente como Stálin, Hitler e Mao não eram contra Deus porque eram ateus; é que eles consideravam Deus como concorrência…

O que nos resta? Resistir e defender a Democracia, falha como é. A Política, nojenta como pode ser. Defendê-las criticamente, para transformá-las.

E defender a Liberdade, que, ampliada, gera sempre novos desafios, que se resolvem com mais Liberdade, nunca com menos. Concordar ou discordar disso divide ao meio o mundo e o Brasil.

Nisso, sejamos adolescentes: somos Nós e Eles. É hipócrita o apelo por união quando um dos lados pretende impôr pela força sua pauta ao outro. Quem quer mandar na gente é, por definição, um porco autoritário, e nisso vamos reconhecer a sabedoria de George Orwell e o comando de Roger Waters: fuck the pigs.

Que mais temos para fazer? Compartilhar inteligência e sensibilidade. Estimular o debate e a contradição, com fundamentos e sem frescura. Apostar na formação, mais que na informação. E na mobilização dos que precisam, mais do que na cooptação dos que podem.

Finalmente resta ler, ler sempre. Ler o que nos abre a cabeça e atiça a imaginação. Para imaginar e criar outros mundos, outras vidas, outras liberdades. Como disse Fredric Warburg, editor de Orwell, sobre “1984”, e vale também para “A Revolução dos Bichos”: “se um homem pode conceber ‘1984’, também pode evitar que ele aconteça”.

por André Forastieri

AQUI

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terça-feira, 21 de março de 2017

Chuck Berry está morto.

Chuck Berry, a lenda do rock que influenciou inúmeras gerações de artistas, morreu no último final de semana, aos 90 anos. A notícia sobre a morte do compositor vem apenas alguns meses depois do anúncio de um novo álbum, Chuck, que deve ser lançado ainda em 2017, o primeiro em 38 anos que trará material inédito.

Durante sua carreira, Berry influenciou inúmeras bandas e artistas como The Beatles, The Rolling Stones, Bruce Springsteen, entre outros. O músico foi tão importante para o rock que John Lennon chegou a declarar que “Se você quisesse dar outro nome para Rock ‘n’ Roll, você poderia chamar de Chuck Berry”.

No cinema, Chuck Berry teve suas músicas usadas em produções como Teen Wolf – O Garoto do Futuro, MIB – Homens de Preto, Esqueceram de Mim 3 e até em Carros, da Pixar. Entretanto, os momentos mais memoráveis nas telonas com as músicas de Berry estão De Volta Para o Futuro, em uma cena em que Marty McFly toca uma música supostamente “antiga, pelo menos de onde ele veio”, três anos antes de ela ser lançada naquela linha do tempo - era "Johnny B. Goode" - e em Pulp Fiction, quando Mia faz com que Vincent participe de um concurso de dança com ela ao som de “You Never Can Tell”.

E as influências de Chuck Berry extrapolam a cultura pop e vão muito além do nosso sistema solar: quando a NASA lançou a missão Voyager I em 1977, a agência espacial americana incluiu um disco que supostamente seria capaz de explicar os sons da Terra para alienígenas. Além de registros sonoros de fenômenos naturais como trovões, cantos de pássaros e ondas do mar, também foi incluída a música “Johnny B. Goode”, de Berry - dentre outras. Apesar da improbabilidade de alguma forma de vida de extraterrestre encontrar o registro, ainda é uma honra ser selecionado quase como um porta-voz da música no nosso planeta ...

Carl Sagan, o chefe do comitê que selecionou o conteúdo dos discos da missão Voyager, escreveu uma carta para Chuck para falar sobre a decisão de eternizar sua música em um disco que duraria “um bilhão de anos ou mais”:

Caro Chuck Berry, quando dizem que sua música viverá para sempre, você normalmente pode ter certeza de que eles estão exagerando. Mas Johnny B. Goode está no disco interestelar da Voyager, na nave Voyager da NASA – que agora está a dois bilhões de milhas da Terra e destinado às estrelas. Estes discos vão durar por um bilhão de anos ou mais. Feliz aniversário de 60 anos, com a nossa admiração para a música que você deu a este mundo…  

Go Johnny, Go.”

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quarta-feira, 8 de março de 2017

The Who no Brasil

The Who confirmou sua passagem pelo Brasil em 2017 - o que já vinha sendo alvo de especulações há algum tempo. Ontem a banda foi confirmada como uma das atrações do festival Rock In Rio. A apresentação está marcada para o dia 23 de setembro, o mesmo em que se apresentará na Cidade do Rock o grupo Guns N'Roses, figurinha carimbada no evento.
Além do Rio de Janeiro, as primeiras especulações (vindas a partir de uma entrevista com o empresário Bill Curbishley à rádio inglesa BBC) sobre a turnê de The Who pelo Brasil apontavam ainda shows São Paulo e Porto Alegre.

Jotabê Medeiros, enviado especial do Blog FAROFAFA a New Orleans em abril de 2015, contou como foi o show dos 50 anos de carreira da banda inglesa que trouxe novos patamares de ambição artística para o rock:

“Shit happens”, disse Roger Daltrey ao descobrir que tinha de cantar “The Kids are Alright”, e que Pete Townshend tinha trocado a ordem das músicas.
Com o espírito irônico intacto, Daltrey destilava sarcamo. “Festivais! Que bacana! Moda e maconha”, disse também, mas o público não se incomodou com o sarro, sabia que ali estava presente um dos maiores de todos os tempos, e a massa sonora que se formava acima da lama era um presente da natureza do rock.
A turne The Who Hits 50! iniciou em 2014. Era “o comeco de um longo adeus”, segundo disse Daltrey na época. “Haverá uma finalidade para isso”, disse. “Vamos parar de excursionar, tenho certeza, antes que paremos de tocar como músicos em bandas, mas como disse Eric Clapton, trata-se do apelo da estrada, essa incrível energia que traz ao corpo…”
Antes que terminasse, Townshend completou: “As putas, a heroína, a cocaína…” Dois dias após o baixista John Entwistle ser encontrado morto no quarto 658 no Hard Rock Hotel de Las Vegas, em 2002, aos 57 anos, o grupo britânico The Whoteve que decidir se continuaria sem ele ou se deixaria a história se encarregar de seu legado. Resolveram seguir em frente apenas com Pete Townshend (guitarra) e Roger Daltrey (voz) da formação original.

“Essa vai ser a maior das turnês fora de moda”, disse Daltrey na ocasião. Em 2014, após dois anos longe dos palcos, voltaram para celebrar os 50 anos de carreira. Eles tinham enfrentado vários baques nos anos recentes, além da morte de Entwistle. Um dos piores: em 2003, Townshend foi acusado de lidar com pornografia infantil. Mas vê-los ali fazendo os mesmos gestos que encantaram discípulos tao diferentes quanto Eddie Vedder, Joan Jett Questlove foi emocionante.
Hinos como “My Generation”, “Baba O`Riley” e “The Seeker” (no qual Daltrey dialoga com Beatles, Bob Dylan Timothy Leary) os tornaram um dos atos mais impressionantes do rock ainda em atividade – além dos Stones (de quem chegaram a ser acusados de serem uma versão pobre, acusação à qual responderam com “Substitute”), um dos últimos grandes em ação.

Sem John Entwistle (baixo) e Keith Moon (bateria), parecia que não era possível seguir adiante. Eles engajaram Pino Palladino (que tocara com Eric Clapton e D`Angelo, entre outros) na formação. Na bateria, o filho de Ringo, Zak Starkey (com o cabelo tão tingido que fiquei com medo de escrever que era ele mesmo). O irmão de Pete, Simon Townshend, toca violão e guitarra base. Loren Gold toca teclados, percussão e banjo, assim como Frank Simes, John Corey toca piano e gaita.
Essa tarde, sob chuva fina em New Orleans, eles abriram o show com “I Can`t Explain”, que parece um grito primal do rock’n’roll. Foi originalmente um single de álbum nenhum, lançado em 1964, a música que os lançou na carreira musical. Na época, Townshend adorava os Kinks, e até mesmo admitiu que copiava descaradamente os ídolos, inspirado na velocidade de “You Really Got Me”. Ele tinha uns 18 anos na época, e a gravação de estúdio incluiu até um outro guitarrista que faria história depois, Jimmy Page.
A sequência do show trouxe canções simbólicas importantes, como “The Seeker”, também de álbum nenhum, que foi lançada como single em 1970. Foi o primeiro single da banda apos o sucesso da ópera-rock “Tommy”.
O público do JazzFest cantou de se acabar quando veio “Who Are You”. Do disco homônimo de 1978, “na verdade, eh uma oração”, disse Townshend. “Aquele tipo de coisa de ‘onde Deus esta, quem eh, onde esteve’. Ele estava desesperançado com os rumos que o rock tinha tomado no final dos anos 1970. O guitarrista se meteu em uma bebedeira com dois integrantes dos Sex Pistols num clube chamado Speakeasy, e foi desse incidente que nasceu a ideia da canção.
“The Kids are Alright”, uma celebração da cultura mod, do disco “My Generation”, de 1965, veio a seguir. Um manifesto de atitudes desafiadoras e celebração do tribalismo jovem.
Tudo veio em cascata. “Bargain”, que era um dos momentos mais importantes do disco “Who`s Next”, de 1971. A canção, no original, teve o reforço da guitarra que Joe Walsh, do trio de hard rock James Gang deu a Townshend. Ele tocou com a Gretsch Chet Atkins nesta faixa. Fala da fé do guitarrista do Who no sufismo e em elevação espiritual.
Depois, “Pinball Wizard”, ícone da ópera-rock Tommy, de 1969. O critico ingles Nik Cohn disse que achara a ópera um pouco sombria. “Se a gente colocasse pinball nela, você escreveria uma crítica decente?”, perguntou Townshend.
A idade pesa para todo mundo. Quando fez “My Generation”, Townshend vociferava que preferia morrer a ficar velho. Hoje, careca e circunspecto, renova a alegria de tocar sua guitarra como somente uns dois ou três conseguiram fazer. Daltrey, que terminou o show sem camisa, mostrando orgulhoso que malha, conserva a potência da voz, e os novos músicos que entraram deram vitalidade e recuperaram o peso do Who
Talvez seja a maior turnê que nunca veio ao Brasil ainda em movimento pelo mundo.
#

sábado, 18 de junho de 2016

9/399

Hoje iria ao ar a edição #400 do programa de rock. Não foi: recebi uma mensagem da direção da rádio avisando que o programa teria que ser mais uma vez adiado - era pra ter rolado semana passada, não foi por causa de um jogo. Tem sido assim nos últimos tempos: inúmeros cancelamentos, pelos motivos mais esdrúxulos. Já estava até pensando em mudar o texto de divulgação para "de vez em quando, quando a emissora não tiver nada melhor para transmitir no horário". Isso atrapalha muito. Exemplo: ás vezes tinha todo o cuidado de montar um bloco referente a algo que aconteceu naquela semana. Se o programa era cancelado, o bloco perdia o sentido, e eu perdia o trabalho ...

Desta vez, por conta do número redondo, programei uma edição especial e reforcei a divulgação, abrindo um evento no facebook - que tive que adiar e, por fim, cancelar. Mas nem assim meu trabalho foi minimamente valorizado. Pra mim já deu, desisti de vez. Foram 9 anos no ar, com 399 edições produzidas de forma absolutamente independente, voluntária e sem fins lucrativos(leia-se: sem nenhum tipo de remuneração financeira). Obrigado a todos que acompanharam pelo menos parte delas. E um agradecimento especial para os que colaboraram via "Bloco do ouvinte". Acabou que um deles, produzido pela queridíssima Daniela Rodrigues, a "renegada do punk", foi o último a ir ao ar. Fechamos, portanto, com chave de ouro ...

Estas foram as últimas edições:

# 399

AC/DC - For Those About to Rock (We Salute You)
The Runaways - I Love Playin' With Fire
Grand Funk Railroad - We´re an american band
Lynyrd Skynyrd - Sweet Home Alabama
Rush - Working man

[maua] - resist
Aliquid - One Try

Impaled Nazarene - Vitutuksen Multihuipennus
Metallica - Fight Fire With Fire
Vulcano - Witche's Sabbath (Demo)
Orgia Nuclear - União Hellthrasher
Holocausto - Forças Terroristas
Headhunter D.C. - ... And The Sky Turns To Black ...

Tiger Army - Prisoner of the Night

Drákula - Sofá
Kleiderman - Dracula's Tea Bag
As Diabatz - Psychomad Mary
Graforréia Xilarmônica - Empregada
Pato Fu - Twiggy Twiggy
Ira! - Tolices

- por Daniela Rodrigues
Hysterics - Leave Me Alone
7 Year Bitch - Dead Men Don't Rape
X-Ray Spex - Oh Bondage, Up Yours
---------------------
G.L.O.S.S. - G.L.O.S.S. (We're From The Future)
Infect - Cansadas De ódio
Infect - Puta
Sleater-Kinney - Male Model
Bulimia - Nosso corpo não nos pertence
Oldscratch - Machos Escrotos
Biggs - Common sense
Dominatrix - Rapist's Fault
Bikini Kill - White Boy
Le Tigre - On Guard

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# 398 - 21/05/2016 

Siouxsie and the Banshees - The Staircase (Mystery)
The Fall - Paranoia Man In Cheap Shxt Room
The Cure - Primary
Cocteau Twins - Wolf in the Breast
Joy Division - Passover

Sakhet - Boudica 

Pixies - Rock Music
Dinosaur Jr. - Stick AToe In
Teenage Fanclub - Ain't That Enough
The Jesus And Mary Chain - Almost gold
AIR - Le Voyage De Penelope
Thurston Moore - Grace Lake 


Bob Dylan - Rainy Day Women #12 & 35 

- 50 Anos de Pet Sounds
- Versão mono
The Beach Boys - Would´n´t it be nice
The Beach Boys - You still believe in me
The Beach Boys - That´s not me
The Beach Boys - Don´t talk(put your head on my sholder)
The Beach Boys - I´m waiting for the day
The Beach Boys - Let´s go away for a while
The Beach Boys - Sloop John B 


The Beach Boys - God only knows
The Beach Boys - I know there´s an answer
The Beach Boys - Here today
The Beach Boys - I just wasn´t made for these times
The Beach Boys - Pet sounds
The Beach Boys - Caroline no


# 

# 397 - 14/05/2016

Faith No More - Malpractice
The Exploited - The Massacre
Slayer - Ghosts of War
John 5 - Death Valley
Serj Tankian - Butterfly 


Karne Krua - Bem Vindos Ao Fim Do Mundo
Sakhet - Na Cerveja Eu Acredito
Suicídio Coletivo - Nazismo, não!
Diatribe - Simonia
+ Entrevista com Lucas e Mayanna

Wander Wildner - WANCLUB - Mantra das Possibilidades

The Baggios - Descalço
Casa Das Máquinas - Pra Cabeça (Jogue Tudo Pra Cabeça)
Momento 68 - Jazzy-Man-Metropole
Alessandro Aru - Origens - Parte II

- por Mayanna e Lucas
Motorhead - Shoot you in the back
Coven - Wicked woman
Shocking Blue - Hello Darkness
---------------
Anthares - Fúria
Epithanatios Roghos - Aoratos polemos
Hirax – Barrage of Noise
Sodom - Burst command ´till war
Accept - Balls to the wall
Saxon - Rock the nations
-------------
A Bolha - Sem nada
Bacamarte - Smog alado
Belchior - A palo seco


# 

# 396 - 07/05/2016

The Sonics - It's All Right
The Jam - Running On The Spot
The Rolling Stones - Mixed Emotions
Creedence Clearwater Revival - Porterville
The Who - Squeeze Box
T. Rex - Hot Love 


Napalm Death - Morbid Deceiver
Intestinal Disgorge - Watcher
Naked City - Igneous Ejaculation
A.C. - You Fucking Freak
Disrupt - No One Seems To Give A Fuck
Cripple Bastards - Pete the Ripper
Da Boca ao reto – Martírio solitário
Decaído - Algum algoz


Fugazi - Two Beats Off
At The Drive-In - Arcarsenal
Ramones - We Want The Airwaves
T.S.O.L. - Its Gray
45 Grave – Slice o´life


Pedrinho Salvador - Decepción Blus

AC/DC - Emission Control
Danzig - Ju Ju Bone
Faith No More - Cuckoo for caca
Iggy Pop - Funtime
Body Count - C Note
Messias Elétrico - Minerva


WANCLUB - Surfista Calhorda

- XXX Anos – Demos, outtakes e raridades
Legião Urbana - Renato Apresenta
Legião Urbana - Teorema
Legião Urbana - Geração Coca-cola
Legião Urbana - Ainda é cedo
Legião Urbana - Profecia de Renato
Legião Urbana - Por enquanto
Legião Urbana - A Dança
Legião Urbana - Química
Legião Urbana - Perdidos no espaço
Legião Urbana - O Reggae 

#


# 395 - 23/04/2016

The Beatles - Helter Skelter
Bloc Party - Helicopter
Morphine - Honey White
David Bowie - I Can't Give Everything Away
Morrissey - Kick the Bride Down the Aisle 


PRINCE - Purple rain 

[maua] - Probably The End
Surgical Meth Machine - I'm Sensitive 


Emerson, Lake & Palmer - Still... You Turn Me On
Blue Öyster Cult - Astronomy
Rush - The Necromancer 


PJ Harvey - Chain Of Keys

repolho (sorria meu bem EP) - pau na bucetinha
Zumbi do Mato - Pagando Mico (demo)
Massacration - Metal Milkshake
OZ - Mama Jama (demo)
Textículos de Mary - menarca
Júpiter Maçã - Canção Para Dormir
Cinemarne - Os corvos e Van Gogh

Câmbio Negro HC - O Espelho dos deuses

"Reflexo no Espelho"
- Tributo ao Câmbio Negro HC

Zé Viola Progressive Band - programados pra morrer
Esconjuro - Meu filho
Pastel de Miolos - Evolução
Casca Grossa - Fantoches
Rotten Flies - Psicopatas de Deus
Obtus - A Ordem
Revolta Civil - Agonia de 64
Inner Demons Rise - Ao Filho do Homem
Arquivo Morto - Vaticano
Karne Krua - Reatores
N.T.E. - Farsa
Guerra Urbana - Emergência
Mollotv Attack - O Espelho dos deuses
Atack Epiléptico - Consciência Inválida
Skullbillies - Descontrole
Campo Minado - O Ecologista Morto

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# 394 - 09/04/2016

Little Richard - Baby (Demo)
Chuck Berry - Let It Rock (Single Version)
Buddy Holly - Oh Boy!
Eddie Cochran - Blue Suede Shoes
Wanda Jackson - Long Tall Sally
Gene Vincent - Crazy Legs 


Ideal/Raíssa Cornélio - Eu Fui Espancada
Ideal - Machistas
Zeitgeist - Unknown pleasure

Machine Head - Davidian
[maua] - Bitch
Arandu Arakuaa - Aruanas
Voivod - Post Society
The Gentle Storm - Heart Of Amsterdam (Storm Version) 


Máquina Blues - Um blues pra ela (Acústico Aperipê)
The Baggios - (Acustico) Hard Times

Lacertae - A chamada
Vaca de Pelúcia - BR p/ o espaço
MADE IN BRAZIL - Vamos todos à festa
Messias Elétrico - O Fruto

Explosions in the Sky - Wilderness 

Genesis - Supper's Ready

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 # 393 - 02/04/2016

Bob Mould - Voices in My Head
Iggy Pop - Gardenia
David Bowie - Blackstar 


Violent Femmes - Memory
Weezer - Do You Wanna Get High? 


Love Machine - Waiting for tomorrow
Melvins - The Water Glass
Frank Zappa - Any Kind of Pain
Mr. Bungle - Egg 


Hannah - Alpha and Omega 

The White Stripes - Conquest
Fred Schneider - Whip
Butthole Surfers - Birds
sonic youth - purr
Babes In Toyland - Blood
Ramones - Pet Sematary 


Public Image Ltd. - Poptones (peel session)

XTC - Science Friction
Adam and the Ants - Deutscher Girls
Ian Dury and the Blockheads - Sex, Drugs & Rock'n'roll
Siouxsie & the Banshees - Hong Kong Garden
Tom Robinson Band - Don't Take No for an Answer
The Only Ones - Another Girl, Another Planet
John Cooper-Clarke - Reader's Wives
- peel sessions


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 # 392 - 19/03/2016

Belle and Sebastian - Allie
Tame Impala - Disciples
David Bowie - The Secret Life Of Arabia
Leonard Cohen - Anyhow
Lou Reed - Magic And Loss 


Skunk Anansie - Death to the Lovers 

Death - Relief
Sleater-Kinney - Dig Me Out
Vulgo Garbus - Monalisa Overdrive
Butthole Surfers - Jingle Of A Dog's Collar
Cinemerne - A Noite do sol 


Panço - Zukauskas

OZ - Très Bien Mon Ami
Muzzarelas - Enter The Dragon
Seu Montanha - Contention
Little Quail & the Mad Birds - Depende
Ira! - Longe de Tudo
The Baggios - Meu Barato (acústico)

Kiss - Detroit Rock City
Kiss - King Of The Night Time World
Kiss - God Of Thunder
Kiss - Great Expectations
Kiss - Flaming Youth
Kiss - Sweet Pain
Kiss - Shout It Out Loud
Kiss - Beth
Kiss - Do You Love Me?


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 # 391 - 12/03/2016

Bob Dylan - Romance In Durango
Bob Dylan - Black Diamond Bay
Bob Dylan - Sara 


Penny Mocks - Goborás

Estúdio Box & Azulejo - Cigarros
Plástico Lunar - Algo forte
Mopho - Por Um Punhado de Dólares
Messias Elétrico - A peste
Momento 68 - Vitimas da Op-Art
Violeta De Outono - Faces

Emerson, Lake & Palmer - Jerusalen

Fred Schneider - Helicopter
Albert Hammond Jr. - Caught by My Shadow
David Bowie - I'll Take You There
Frank Black - Adda Lee
Iggy Pop - China Girl
John Cale - Close Watch 


Rios Voadores - Barnabé Itamar Produções
Surja Bruxa - Fugas-Geniais

The Beatles - Yer Blues
Led Zeppelin - In My Time of Dying
Chuck D. & Henry Rollins - Rise Above
Sepultura - Troops of Doom
Nirvana - Radio friendly unit shifter
Radiohead - Paranoid Android
- por Matheus Aragão


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 # 390 - 05/03/2016

The Rolling Stones - Miss You
The Jam - I've Changed My Address
T. Rex - Rock On
REM - Cuyahoga
Pink Floyd - I'm a King Bee
The Smiths - Unloveable 


KARNE KRUA - ódio pelo ódio - Ao Vivo no Zons

Terror Revolucionário - Ser Humano, ser meigo
Rotten Flies - Meu inimigo sou eu
Lobotomia - Nada É Como Parece
Galinha Preta - Roubaram o meu rim
Sociedade Armada - Miseria Total
Armagedom - Mortos De Forme
Cleptomania - depoimento de um judeu

The Renegades Of Punk - Me Testa
Necronomicon - Hypnotic Overdrive Machine
Catarina dee jah - Intercambio cultural 


Bob Dylan - Like a Rolling Stone
Bob Dylan - Hurricane
Bob Dylan - Isis
Bob Dylan - Mozambique
Bob Dylan - One More Cup Of Coffee
Bob Dylan - Oh, Sister
Bob Dylan - Joey


#
 


# 389

Tom Zé - Brigitte Bardot
David Bowie - Scary Monsters (And Super Creeps) (Single Version)
Nine Inch Nails - In This Twilight
Dinosaur Jr. - Get Me 


Voivod - Silver Machine 

Bikini Kill - Rebel Girl
Discharge - The Possibility Of Life's Destruction
Stampin' Ground - Everybody Owes A Death
Gorilla Biscuits - Big Mouth
Vandals - My Girlfriend's Dead 


Entrevista com Dani Dutra, Anderson Camilo e Marcelo larrosa, da Então Pronto Produções
+ The Renegades of punk
Catarina Dee Jah
Necro

- "Stripped", Ao Vivo
Rolling Stones, The - Street Fighting Man
Rolling Stones, The - Like A Rolling Stone
Rolling Stones, The - Not Fade Away
Rolling Stones, The - Shine A Light
Rolling Stones, The - The Spider And The Fly
Rolling Stones, The - Wild Horses
Rolling Stones, The - Let It Bleed
Rolling Stones, The - I'm Free
Rolling Stones, The – Angie


#


# 388

PORTISHEAD - Theme from to kill a dead man
Placebo - Without You I'm Nothing (feat. David Bowie)
Joy Division - The Only Mistake
Laibach - Koran

Fugazi - Greed
Rage Against The Machine - People Of The Sun
Faith No More - What a day
Helmet - Ironhead
Prong - Get A Grip (On Yourself)

Som Invisível - Estados do dia
Som Invisível - Prodigio
Som Invisível - No fund
+ Entrevista

Sepultura - Roots Bloody Roots (Demo)
Sepultura - Ratamahatta
Sepultura - Lookaway (Master Vibe Mix)
Sepultura - Breed Apart
Sepultura - Straighthate
Sepultura - Spit
Sepultura - Dusted
Sepultura - Born Stubborn
Sepultura - Jasco
Sepultura - Itsari

# 

# 387 - 30/01/2016

Possessed - Satan's Curse
Sepultura - Primitive Future
Pantera - Revolution Is My Name
Venom - Smoke
Ghost - He Is 


Oldscratch - Maneiras de Não se Cansar
Black Sabbath - Season Of The Dead 


Rage Against The Machine - Fistful Of Steel
At The Drive-In - Pattern Against User
Screaming Trees - More Or Less
Echo And The Bunnymen - A Promisse
New Order - Your Silent Face 


Jefferson Airplane - My Best Friend
The Rolling Stones - Angie 


David Bowie - Beauty And The Beast
David Bowie - Joe The Lion
David Bowie - Heroes
David Bowie - Sons Of The Silent Age
David Bowie - Blackout

David Bowie - V-2 Schneider 

David Bowie - Sense Of Doubt
David Bowie - Moss Garden
David Bowie - Neukoln 


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# 386 - 23/01/2016

T. Rex - Lean Woman Blues (Working Version)
Iggy Pop - Wild America
AC/DC - Big gun
Far From Alaska - Rainbows
Plástico Lunar - Labirinto


Megadeth - Dystopia
Anthrax - You Gotta Believe 


Dinosaur Jr - Muck
Placebo - This Picture
R.E.M. - Bad Day
Teenage Fanclub - Mellow Doubt
Sonic youth - on the strip
Alice in Chains - Rooster


David Bowie - I know it´s gonna happen someday

David Bowie - Speed Of Life
David Bowie - Breaking Glass
David Bowie - What In The World
David Bowie - Sound And Vision
David Bowie - Always Crashing In The Same Car
David Bowie - Be My Wife
David Bowie - A New Career In A New Town


David Bowie - Warszawa
David Bowie - Art Decade
David Bowie - Weeping Wall
David Bowie - Subterraneans


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# 385

David Bowie - Silly Boy Blue
Davy Jones And The Lower Third - You've Got A Habit Of Leaving
David Bowie And The Lower Third - Can't Help Thinking About Me
David Bowie - In The Heat of the morning


David Bowie - 'Heroes' (single version)
David Bowie - Life On Mars? (2003 Ken Scott Mix)
David Bowie - Starman (original single mix) 


David Bowie - Where Are We Now?
- pedido por Renê


Davie Jones And The King Bees - Liza Jane
David Bowie - I'm Afraid Of Americans (V1) (clean edit)
David Bowie - The Jean Genie (original single mix)
David Bowie - Fashion (single version)
David Bowie - Modern Love (single version)
David Bowie - Let's Dance (single version)
David Bowie - China Girl (single version) 


David Bowie - Fame
David Bowie - Young Americans (2007 Tony Visconti mix single edit)
David Bowie - Blue Jean
David Bowie - Golden Years (single version)
David Bowie - Absolute Beginners (single version) 


David Bowie - Under Pressure (with Queen)
David Bowie - Buddha Of Suburbia
David Bowie - Loving The Alien (single remix)
David Bowie - Wild Is The Wind (2010 Harry Maslin Mix)
David Bowie - This Is Not America (with The Pat Metheny Group)


David Bowie - Lazarus

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# 384 - 09/01/2016

Casa Das Máquinas - Lar De Maravilhas
Rita Lee & Tutti Frutti - Com A Boca No Mundo
Módulo 1000 - Salve-Se Quem Puder
Messias Elétrico - WR 104 

[maua] - Nothing is Like the Same
Karne Krua - Rumores de Guerra (demo)


Bad Religion - Past is Dead
Ramones - Daytime Dilemma (Dangers Of Love)
Sleater Kinney - Hey Darling
The Adolescents - Runaway
T.S.O.L. - Red Shadows 


The Baggios - (Acustico) Na Porta do Bar
Camarones Orquestra Guitarrística - Cabron
Casa Forte- Roque Soul

The Runaways - Blackmail
Sweet - Into The Night
Thin Lizzy - Waiting For An Alibi
Suzi Quatro - Too Big
Slade - Coz I Luv You 


Motorhead - Ace of Spades (Alternative Version) 

Motorhead - Live to Win
Motorhead - (We Are) the Roadcrew
Motorhead - Fast and Loose
Motorhead - Bite the Bullet
Motorhead - The Hammer
Motorhead - Fire Fire
Motorhead - Jailbait
Motorhead - Dance


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# 383 - 02/01/2016

The Head Cat - Not Fade Away

Motörhead - Electricity
Motörhead - When The Sky Comes Looking For You
Motörhead - Please Don't Touch (with Gilrschool)
Motörhead - Doctor Rock
Motörhead - Go to Hell
Motörhead - Killed By Death


Motörhead - Lost Woman Blues
- pedido de Bela Raposo


Motörhead - Stone Dead Forever
Motörhead - The Chase Is Better Than the Catch
Motörhead - Stand By Your Man (feat. Wendy O. Willians)
Motörhead - Dirty Love
--------------------------
Motörhead - Whorehouse Blues
Motörhead - Till The End


Motörhead -Iron Fist
- pedido de Marlio


Motörhead - On The Road (B-Side Of Deaf Forever 12'', Live)
Motörhead - Leaving Here (Live )
Motörhead - Over the Top (Live)


- "No Sleep ´till Hammersmith"
Motörhead - Ace of Spades
Motörhead - Stay Clean
Motörhead - Metropolis
Motörhead - The Hammer
Motörhead - Iron Horse/Born to Lose
Motörhead - No Class
Motörhead - Overkill
Motörhead - We Are the Road Crew
Motörhead - Capricorn
Motörhead - Bomber
Motörhead - Motörhead


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# 382 - 26/12/2015

Pink Floyd - Shine On You Crazy Diamond Pt. 2 

The Brian Setzer Orchestra - Have Yourself a Merry Little Christmas 

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Slayer - Black Magic
Metallica - Master Of Puppets 


Inrisório - Estupro Cultural
Renegades Of Punk - Me Testa
Devotos do Ódio - Punk Rock, Hardcore Alto José Do Pinho

Zumbi do Mato - O Espírito do Rato
Faith No More - From Out Of Nowhere
Mr. Bungle - Carousel
Primus - Mr. Knowittal
Cardiacs - Tarred and Feathered


- por Tamyres Lima
- para Levi Marques


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Os Cascavelletes - Morte Por Tesão
Os Cascavelletes - Minissaia sem calcinha
Os Cascavelletes - O Dotadão

Wander Wildner - Lugar Do Caralho

JÚpiter Maçã - Querida Superhist x Mr. Frog
JÚpiter Maçã - Pictures And Paintings
JÚpiter Maçã - Eu E Minha Ex
JÚpiter Maçã - As Outras Que Me Querem
JÚpiter Maçã - Sociedades Humanoides Fantasticas
JÚpiter Maçã - O Novo Namorado
JÚpiter Maçã - The Freaking Alice (Hippie Under groove)
JÚpiter Maçã - Essencia Interior 

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# 381 - 19/12/2015

Trimorfia - Running In Circles
Nucleador - Streets of Rage
Skabong - Aruana Weekend 


Pink Floyd - Shine On You Crazy Diamond Pt. 1
- para Levi Marques


Delinquentes - Mad Max 

Siouxsie and the Banshees - Arabian Knights
Fields Of The Nephilim - Laura II
The Jesus & Mary Chain - Hit
Cocteau Twins - Blood Bitch
Bauhaus - Stigmata Martyr
The Cure - A Forest


Signo XIII - Tempo rival

Patti Smith - Gloria
Patti Smith - Redondo Beach
Patti Smith - Birdland
Patti Smith - Free Money

Patti Smith - Kimberly
Patti Smith - Break It Up
Patti Smith - Land: Horses + Land Of A Thousand Dances + La Mer (de)
Patti Smith - Elegie 


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# 380 - 05/12/2015

The Jesus And Mary Chain - Never Understand
The Jesus And Mary Chain - In A Hole
The Jesus And Mary Chain - Inside Me
The Jesus And Mary Chain - The Hardest Walk
The Jesus And Mary Chain - Sowing Seeds
The Jesus And Mary Chain - My Little Underground
The Jesus And Mary Chain - You Trip Me Up
The Jesus And Mary Chain - Something's Wrong
The Jesus And Mary Chain - It's So Hard 


Test - Celebrar Venha

karne Krua - Hienas na Carcaça
Zeitgeist - Today
DFC - Possuído do Pelo Cão
Rotten Flies - A Bíblia e a bazuca
Psychic Possessor - Acao Terrorista
Mukeka Di Rato - Mek Kancer Feliz
Jason - Seu corpo vai deitar
Devotos do Ódio - Dia Morto

Patti Smith - My Generation (live)
Mutantes - Ando meio desligado (ao vivo)

Pixies - Something Against You
Melt-Banana - Cat Brain Land
Sonic Youth - The destroyed room
Queens Of The Stone Age - Turnin' On The Screw
Butthole Surfers - To Parter
Faith No More - Caralho voador 


Pink Floyd - Lucy leave
David Gilmour - Faces Of Stone 


Pedrinho Salvador - Help Me Big Brother
The Sonics - Be A Woman
Yo La Tengo - Butchie's Tune (The Lovin' Spoonful)
panço - escala de cores
Paul Weller - Saturns Pattern
Wilco - More...
Tame Impala - 'Cause I'm A Man
John Zorn - Mirrors of Being 


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# 379 - 28/11/2015

Queen - God Save The Queen
Queen - Death On Two Legs (Dedicated To...
Queen - Lazing On A Sunday Afternoon
Queen - You're My Best Friend
Queen - '39
Queen - Seaside Rendezvous
Queen - Good Company 


Supercordas - Sobre O Amor E Pedras

Lillian Lessa - Enleio Fatal
Rita Lee & Tutti Frutti - Coisas Da Vida

Slade - Cum On Feel The Noize
Thin Lizzy - Do Anything You Want To
Suzi Quatro - Can The Can
T. Rex - Jeepster (Electric Home Demo)
The Allman Brothers Band - Jessica 


Patti Smith - Pumping (My Heart)
Cocteau Twins - Carolyn's Fingers 


The Jimi Hendrix Experience - Burning Of The Midnight Lamp
The Kinks - Lazy Old Sun [Alternate Stereo Mix
Shocking Blue - Blossom Lady
The Rolling Stones - Sing This All Together
Jefferson Airplane - Today 


Blondie - Picture This
The Pretenders - I'll Stand by You 


Ira! - Nas Ruas
Hojerizah - Fogo
Joy Division - She's Lost Control
The Fall - Taurig
The Smiths - Girl Afraid
The Cure - Lullaby 


#


# 378 - 21/11/2015

Seu Montanha - O Tempo
Plástico Lunar - Sentado no Arco-ìris
Uma Ruma - O Rumo
Estúdio Box & Azulejo - Dos Poetas
Cinemerne - A Mulher mais linda da Cidade
Lacertae - Céu bonito 

Far From Alaska - thievery

Olho seco - Todos hipnotizados
Inocentes - Calado
Lixomania - Fugitivo
Ratos de Porão - Por que?
Fogo Cruzado - Delinquentes
Psykóze - Fim do Mundo
Cólera - Bloqueio Mental

Joy Division - Love Will tear us apart
Beatie Boys - Gratitude
Placebo - Every you and every me
DeFalla - It´s fucking boring to death
Nailbomb - Vá tomar no cu
Camboja - Digital junkie
Misery HT - Walk
+ Entrevista com ...
Jamson Madureira
Anderson Camilo
Dani Dutra
...

#

# 377 - 14/11/2015

The Gentle Storm - Endless Sea (Storm Version)
Iron Maiden - Empire of the Clouds


Extreme Noise Terror - Only In It For The Music Pt. 27 (Black Putrefaction)
Test - Carne Humana 


Rotten Flies - Eliminar
Ratos de Porão - Prenúncio de Treta
Zeitgeist - Homem de bem
NARK - Intolerância autorizada
Cessar Fogo - Maquina de matar
Word's Guerrilla - Esclavos

Motörhead - Dancing On Your Grave
Sepultura - Orgasmatron 


DeFalla - I'm a universe
Vzyadoq Moe - O Último Designio
Ira! - Mudança de Comportamento
Hojerizah - Cinzas Que Queimam
Smack - Sete Nomes

Eagles of Death Metal - Heart on
+ A Marselhesa


Morrissey - You're the One for Me, Fatty
Morrissey - Certain People I Know
Morrissey - National Front Disco
Morrissey - November Spawned a Monster
Morrissey - Seasick, yet Still Docked
Morrissey - The Loop
Morrissey - Sister I'm a Poet
Morrissey - Jack the Ripper
Morrissey - Suedehead
- Beethoven was Deaf
- Live in Paris


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# 376

panço - Fora de esquadro
R.E.M. - Living Well Is The Best Revenge
Echo And The Bunnymen - Silver
Snooze - Nickdrakiana (Acústico Aperipê)
Patti Smith - Poppies

Suicidio Coletivo - SUICIDIO COLETIVO
Casca Grossa - Destrói
Cessar Fogo - Imediato

The Runaways - Born To Be Bad
Motörhead - No Class Featuring Wendy O'Williams
Blue Öyster Cult - Godzilla
Thin Lizzy - Don't Believe A Word
AC/DC - Can I Sit Next To You Girl
Deep Purple - Demon's Eye 


The Beatles - Hello, goodbye 

Trail of Dead - Intro: A Song of Fire and Wine
Trail of Dead - Stand in Silence
Sonic Youth - genetic
Savages - No Face
Siouxsie and the Banshees - Love in a Void
The Smiths - Girl Afraid
Public Image Ltd. - C'est La Vie


Nouvelle Vague – Bela Lugosi´s dead

# 

# 375

T.S.O.L. - Flowers By The Door
Ramones - I Wanna Live
Iggy Pop - Cry for Love
Placebo - Slave To The Wage
Morrissey - Kiss Me Alot 


Opus - Live Is Life 

Laibach - Leben Heist Leben
KMFDM - A Drug Against War (Single Mix)
Ministry - The Missing
Godflesh - Streetcleaner 


Retrofoguetes - As Concubinas Mecânicas do Doutor Karzov
The Baggios - Pegando Punga - Acústico Aperipê FM

The Jesus & Mary Chain - Suck
The Sisters of Mercy - Detonation Boulevard (Remix)
Danse Society - We're So Happy
Bauhaus - God In An Alcove
Sex Gang Children - Dieche


Plástico Lunar - Nem aí
+ Entrevista com Marcos Odara ...
... que propôs o seguinte Bloco:
The Clash - I Fought the law
The Clash - Guns of Brixton
Echo And The Bunnymen - Bring on the dancing horses
Lou Reed - Sattelite of love
Smack! – Faça umas compras
Mercenárias - Mercenárias
Mercenárias - Trashland
Mercenárias - Meus Pais
Mercenárias - Policia
Mercenárias - Honra
Mercenárias - Dá Dó
Mercenárias - Vietinã
Mercenárias - Ó

rolou, claro.

Foi massa.

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