segunda-feira, 14 de maio de 2012

# 225 - 12/05/2012


“You´re now entering a pil song”, avisa aquela velha conhecida (embora, agora, já apresentando sinais de cansaço) voz anasalada de John Lydon, o traidor-mor do punk, na abertura de mais uma edição do programa de rock. Trata-se de “This is pil”, faixa-título do novo álbum do Public Image Ltd., o primeiro com músicas inéditas desde 1992! Seja ou não um bom disco (achei mais ou menos, mas ouvi apenas uma vez e os discos do PIL não costumam ser fáceis de digerir numa primeira audição), é um acontecimento que não poderia passar em branco. A maioria das músicas segue aquela mesma linha de ritmos e frases circulares repetidas ad infinitum sobre uma base levemente funkeada, ou seja: quem já gosta deve seguir gostando, quem odeia terá mais um motivo para odiar.

Na sequencia, nova do Gossip. Boa faixa de um disco também apenas razoável – mas, assim como o do PIL, preciso ouvir mais para ter uma opinião definitiva (falta tempo pra tanta opção, como é de praxe nos dias atuais). Fechando o primeiro bloco, valeu a pena ouvir de novo Anneke Van Giesbergen e The Gathering, repectivamente a ex-vocalista e a banda da qual fazia parte, que segue em frente com uma nova “frontwoman”.

Na volta do intervalo, punk rock e hardcore sergipano, começando com uma banda que merecia mais atenção dos (poucos) produtores de shows locais, a Holidays, e terminando com um dos projetos de nosso camarada Alessandro “Cabelo” de seus tempos de punk rock, o Los Repugnantes. No recheio, Robot Wars, Casca Grossa e uma banda nova formada em São Cristóvão, a Útero Kaos.

Pausa pra respirar, e tome Big 4 – com o Exodus substituindo o Anthrax, como muitos acham que deveria ser. Depois de ser surpreendido com sua própria morte decretada pelo Faith No More dos velhos tempos, com o grande Jim Martin ainda nas guitarras, e ouvir alguns rocks pesados e “tortos” (no caso do Melvins), o ouvinte é presenteado (ou não), no encerramento, com um megabloco inteiramente dedicado aos Beastie Boys. Homenagem ao recentemente falecido Adam Yauch, evidentemente. Sobre eles, com a palavra, André Barcisnki:

“Musicalmente, o Beastie Boys foi um dos grupos mais influentes e importantes do pop nos últimos 30 anos. Eles foram, para o hip hop, o que Elvis foi para o rock nos anos 50: alguém que chegou para os brancos e disse: “pode ouvir que isso é legal”. Eles não foram pioneiros do hip hop. O que eles fizeram foi levar o gênero para o “mainstream” e apresentá-lo a um público cheio de preconceitos. Lembro bem do choque que foi ver Kerry King, do Slayer, no clipe de “No Sleep Till Brooklyn”, em 1986: “Que p… ele tá fazendo num clipe de rap?”. Os Beastie Boys não estavam nem aí. Enxergaram, antes de todo mundo, o que ligava o Bad Brains ao Public Enemy, as conexões entre a guitarra de Kerry King e os “scratches” de Grandmaster Flash.

Assim que estouraram, com “Licensed to Ill”, obra-prima da velhacaria e uma genial fusão de metal e rap, a primeira coisa que fizeram foi levar seus ídolos em turnê. O line-up era Beastie Boys, Murphy’s Law e Public Enemy. Ao juntar duas grandes influências – o rap do Public Enemy e o punk do Murphy’s Law – os Beasties pareciam dizer: “punk e rap são farinha do mesmo saco”. E eram mesmo. Especialmente no caldeirão musical da Nova York do fim dos anos 70, onde o punk, o rap, o “no wave”, a música latina, a discoteca e tantos outros sons se misturavam nas calçadas. Os Beastie Boys só poderiam ter nascido ali.

Ao longo dos anos, o trio começou a explorar outros elementos em sua música, como o soul, o funk e até trilhas sonoras de cinema, criando uma sonoridade única e inconfundível. Mas não foi só na música que os Beastie Boys deixaram sua marca. Seus videoclipes foram muito copiados em filmes e comerciais de TV.

Dos três Beasties, Yauch (a pronúncia correta é “Yawk”) era o mais preocupado com a criação de uma identidade estética para a banda. Ele sempre foi ligado em cinema. Usando o pseudônimo Nathaniel Hornblower, dirigiu vários videoclipes do grupo, como “Intergalactic”, “Shake Your Rump”, “Body Movin’”, “So What’cha Want”, “Shadrach”, “Three MC’s & One DJ” e “Pass the Mic”, entre outros.

Os clipes dos Beastie Boys sempre trouxeram surpresas. “Gratitude”, dirigido por David Perez, homenageava o cultuado filme-concerto “Pink Floyd: Live at Pompeii”, de 1972. “Body Movin’”, dirigido por Yauch, trazia referências a “Danger: Diabolik”, filme de terror que o italiano Mario Bava dirigiu em 1968 (para quem quiser saber mais sobre as referências cinéfilas dos Beasties, sugiro ler esse artigo sensacional no blog do selo de DVDs Criterion).

E finalizo com duas dicas de DVDs: “Beastie Boys Video Anthology” (Criterion, 2000), com 18 videoclipes, entrevistas, storyboards, etc., e “Awesome! I Fuckin’ Shot That” (2006), que traz um concerto em Nova York, em 2004, em que os Beasties distribuíram 50 camcorders para fãs e usaram as imagens na edição final. Bonito demais.”

Sem mais, é isso.

Tchau.

A.

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PIL - This is pil
The Gossip - Melody Emergency
Anneke Van Giesbergen - Everything is changing
The Gathering - Heroes for ghosts

Holidays - In the past
Rotten Horror - We are rotten boys
Robot Wars - Escuridão
Casca Grossa - Casca Grossa
Útero Kaos - Desabafo
Los Repugnantes - Laços de dor

Exodus - Piranha
Megadeth - Take no prisioners (Demo)
Metallica - Ride the lightning
Slayer - Seasons in the abyss (alternative mix)

Faith No More - Surprise! You´re dead
Danzig - Rebel Spirits
Fu Manchu - Hang out to dry
Melvins - Evil new war God

Beastie Boys:
# Gratitude
# Time for livin´
# Fight for your right
# Sabotage
# Ch-Check it out
# Shake your ramp
# Root Down (Free zone mix)
# Intergalactic
# Namasté

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